Onde Estão Nossos Líderes?
Fabio Lutz
“Precisa-se de pessoas determinadas, que nunca abram mão de construir seus destinos e arquitetar suas vidas. Pessoas com ética e dignidade que conduzam com coerência seus discursos, seus atos, suas crenças e seus valores. Precisa-se de pessoas que saibam administrar coisas e liderar pessoas”.
Uma discussão que se abre permanentemente nos círculos empresariais, diz
respeito à dificuldade em identificar os líderes de vanguarda em seu staff.
Tal fato, em parte, deve-se à atual falta de instrumentos que identifiquem
profissionais com perfil de liderança para a ocupação dos postos estratégicos.
Os critérios variam desde o bom desempenho na função anterior (quase nunca de
liderança) até a existência de um QI (quem indicou) alto.
Estamos referindo às inúmeras empresas que mantém modelos de gestão baseados no
sucesso do passado, sem se ater às grandes transformações que surgiram na
última década.
A velocidade vertiginosa das mudanças trouxe uma nova exigência: a necessidade
de alavancar ações capazes de ampliar a competitividade das empresas e a
identificação de lideranças efetivas para conduzir os processos de
desenvolvimento.
O líder efetivo é capaz de criar estratégias e apontar o rumo na qual a empresa
deve se dirigir para alcançar o sucesso. Este mesmo líder consegue a adesão de
seus liderados na luta pelas causas que propõe – tarefa das mais difíceis, de
acordo com depoimentos de alguns gerentes.
A crise de liderança ultrapassa as fronteiras brasileiras e alcança quase todas
as áreas de atuação do ser humano.
Segundo o professor John P. Kotter, da Harvard Business Scholl, considerado um
dos maiores especialistas em liderança da atualidade, há “escassez de líderes
no mundo todo”. Afirma ele que o problema será minimizado quando as escolas de
administração passarem a investir na formação de líderes no lugar de formar
somente gerentes. Sabe-se que os grandes esforços de transformação
organizacional só serão efetivados quando os condutores do processo dedicarem
80% de seus esforços nas ações de liderança e 20% no gerenciamento. Atualmente
estes percentuais são inversos.
O desafio que se apresenta no atual contexto é preencher esta lacuna e
transformar profissionais com algum potencial em líderes de vanguarda.
Para ocuparmos posições de destaque no mercado interno e externo, precisamos de
profissionais que ajudem a operar as transformações exigidas pelos novos
tempos, onde o gerenciamento e a administração de processos se transformará em
resultados significativos, se ancorados por um forte processo de liderança de
pessoas.
Afinal, quem opera os processos? Quem faz qualidade? Quem contribui com idéias?
Quem executa os planos de melhoria, senão as pessoas sob a tutela de um bom
líder?
As experiências divulgadas pela mídia em geral, sinalizam algumas empresas que,
mesmo investindo grandes valores em programas de gestão totalmente
informatizados e com previsão de sucesso garantido, não obtiveram o retorno que
esperavam.
Onde estará a falha? Na ferramenta ou nas pessoas?
As empresas que investirem em programas de formação de liderança, certamente
ocuparão o podium!
SOBRE A FORMAÇÃO DE LIDERANÇAS
É importante ressaltar que um líder não é formado em curto espaço de tempo. Um
bom programa deve incluir ações que instiguem a revisão de valores e crenças,
estimulando mudanças de atitudes. De nada adiantará montar uma grade curricular
de treinamento e desenvolvimento com temas atuais e ferramentas de última
geração, se os conteúdos não forem abordados de forma a atingir os
participantes em seu comportamento.
Hábitos, conceitos e preconceitos obsoletos precisam ser colocados na mesa para
serem reavaliados e revistos, dando lugar ao novo.
Três aspectos devem ser levados em consideração quando se propõe formar líderes:
1. Que novas atitudes vão agregar valor ao perfil de liderança vigente?
2. Que habilidades devem ser desenvolvidas de forma enriquecer a ação de
liderança?
3. Que conjunto de conhecimentos o líder precisa buscar para acompanhar as
tendências de mercado?
Com as respostas à mão, inicia-se o mapeamento de competências de liderança e
os primeiros traços do perfil começam a se delinear.
INDICADORES DE COMPETÊNCIAS MAIS APONTADOS NA COMPOSIÇÃO DO NOVO PERFIL DO
LÍDER
• ATITUDE EMPREENDEDORA, apoiada por um comportamento ativo e estimulador aos
seus liderados e abertura a inovações.
• DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES que favoreçam a obtenção da adesão de seus
liderados às causas, projetos, objetivos e metas propostos.
• PERMANENTE ATUALIZAÇÃO dos fatos que ocorrem no contexto interno e externo no
qual atua e desenvolvimento de senso crítico para melhor aproveitamento das
informações coletadas.
Ainda não há uma fórmula mágica e estamos longe de vislumbrar um perfil de
liderança que atenda de forma generalizada a todas as empresas, porém faz-se
necessário investir esforços no sentido de definir perfis desejados e
transformar gerentes e executivos em verdadeiros líderes de vanguarda.
Vale a pena relembrar: resultados são alcançados quando o esforço de liderança
é maior do que a soma de esforços de gerenciamento de processos.
Artigo escrito por Maria Rita Gramigna.
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